Bonito/MS tem se destacado mundialmente pelo modelo de sustentabilidade implementado na visitação turística, enquanto destino de natureza. Para que isso aconteça, existem pessoas que tem contribuído de forma importante, entre elas está Ariane Janér.

Por: Assessoria de Comunicação com Sec. de Turismo

Bonito/MS tem se destacado mundialmente pelo modelo de sustentabilidade implementado na visitação turística, enquanto destino de natureza. A Prefeitura Municipal de Bonito, através da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio tem trabalhado fortemente, desde o ano passado, para divulgar a Cidade no Mundo. Uma das ações realizadas foi à inscrição de Bonito em algumas das mais importantes premiações internacionais existentes. Em 2013 Bonito/MS ganhou o prêmio de Melhor Destino de Turismo Responsável do Mundo, em Londres/Inglaterra durante a feira World Travel Market e recentemente Bonito foi selecionado entre os três finalistas para o prêmio “Tourism for Tomorrow” do Conselho Mundial de Viagens e Turismo. Para isso, a Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio teve a orientação da Conselheira da TIES – The Internacional Ecotourism Society e Consultora Ambiental – Ariane Jáner, que conheceremos melhor nessa reportagem.

Juliane Salvadori – secretária de Turismo, Indústria e Comércio de Bonito.

Zoóloga com MBA, a holandesa Ariane Janér é consultora em desenvolvimento de negocios sustentáveis e co-fundadora dos ONGs EcoBrasil (1993) e iHOCA – Instituto Homo Caballus (2010). Atualmente está no conselho consultivo de The International Ecotourism Society (TIES) e ABETA (Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura).

Antes de entrar no mercado de sustentabilidade e turismo, Ariane ganhou experiência em marketing e finanças através de uma carreira na Shell, como pesquisadora de mercados de consumo para Euromonitor, como analista financeira para Baxter Straub e como sócia-diretora de uma pequena operadora de ecoturismo. Desde 2002, ela acompanha o mercado de certificação de turismo sustentável no Brasil e internacionalmente e é consultora do sistema Travelife.

Através de sua empresa, Bromelia Consult, trabalha com projetos que variam de turismo de base comunitária até investimentos de setor privado em sustentabilidade, de conceituando “websites” até projetos de interpretação de destinos, de planos de marketing até planos de negócios.

Em uma entrevista feita pela internet, Ariane Janér, nos conta um pouquinho sobre seus laços com o Brasil, e em especial com Bonito.

Imprensa -Como começou a sua ligação com a cidade de Bonito, e o que a senhora já desenvolveu em parceria com o segmento turístico da cidade.

Ariane – Uns vinte anos atrás, quando ainda estava com uma pequena operadora de ecoturismo, li sobre Bonito no Lonely Planet. Convenci um casal de holandeses de visitar Bonito junto com o Sul do Pantanal e me reportar que acharam. Eles gostaram bastante, mas também disseram que faltava produto e infraestrutura. Desde então acompanhei a evolução do destino, que alguns anos depois já começaram a ser visto como referência em desenvolvimento sustentável de um destino de natureza. Quando fiz parte da equipe MPE Funbio, fizemos parceria com Bonito. No Programa de Certificação de Turismo Sustentável (PCTS/Bem Receber) era responsável para o marketing internacional e em 2003 levamos um Famtour para o Pantanal e Bonito e pude ver os avanços. Logicamente a grande dúvida era se Bonito ia conseguir casar o crescimento com sustentabilidade. Bonito foi um dos destinos incluídos no PCTS / Bem Receber. Ainda me lembro de quando Nilde Brun, anunciou a implementação do sistema de esgoto (na época um ponto fraco), sinalizando que o destino estava pensando para frente. Como conselheira da ABETA, acompanhei também de longe a implantação de Aventura Segura. O ano passado teve a oportunidade de acompanhar uma visita de inspeção da TIES e podia ver que Bonito evolui tanto na parte de qualidade da oferta quanto em sustentabilidade e segurança. Ai me deu conta que estava na hora de Bonito se candidatar para os prêmios internacionais de turismo sustentável.

Imprensa- Qual a verdadeira importância das premiações e indicações, por parte do trade internacional de turismo, para nossa cidade?

Ariane- Quando dou curso de marketing turístico ou sou palestrante sobre o assunto, sempre enfatiza que concorrer a prêmios é um investimento pequeno de tempo que pode dar retorno grande. Logicamente, só funciona se você realmente tem uma coisa a mostrar, sabe explicar isto e de preferência se posicionar um pouco diferente da maioria dos concorrentes. Os Responsible Travel Awards (onde Bonito ganhou na categoria Destino) e os Tourism for Tomorrow Awards (onde Bonito e finalista), são prêmios muito respeitados. O júri é composto de especialistas de turismo sustentável e formadores de opinião muito influentes. Por isto só o fato de concorrer já ajuda a divulgar seu destino. Se você é finalista você já ganha uma exposição importante no seu mercado alvo, que vale muito mais que uma campanha promocional cara. Na cerimônia de premiação tem muita gente importante. Se ganhar melhor ainda. E só conferir quais destinos e produtos já ganharam estes prêmios.

Imprensa- Como turista, o que a senhora destacaria em Bonito, e que indicaria a um visitante?

Ariane -Ainda não conheço todos os atrativos! Mas acho que o destaque de Bonito é o conjunto, que apela a vários públicos: diversidade de paisagem e fauna, um leque amplo de atividades e experiências (de contemplação a adrenalina pura), boas histórias (como do Buraco das Araras), uma cidade pequena, segura e bem organizada com boas opções de hospedagem e alimentação. O legal é que atrás do conjunto da oferta turística tem um conjunto de pessoas. Em Bonito conseguiram “cooptição” (cooperação no nível destino, concorrência no nível produto). Mas já sei que na minha próxima visita quero conhecer o Parque Nacional da Bodoquena.

Imprensa- Com as premiações, e a visibilidade que será alcançada, quais serão os desafios para Bonito continuar atraindo turistas para suas belezas?

Ariane- Ganhar prêmios é uma faca de dois gumes, porque você está na vitrine internacional e as expectativas dos visitantes estão mais altas. Ou seja, não pode perder de vista o que precisa ser melhorado. Bonito não é um destino perfeito. Por exemplo: quantos hotéis e restaurantes investem em gestão sustentável; qual o destino do lixo; quantos pessoas no trade turístico falam outras línguas, estamos cuidando de uma economia local inclusiva e diversa ? Também é importante lembrar que precisa-se estar atento ao ciclo de vida do destino. Todos os destinos podem entrar em declínio, porque não olham para frente. Precisa sempre cuidar da sustentabilidade do destino e a qualidade da oferta, se antecipando as novas exigências e tendências. Sempre é perigoso de só olhar o número de turistas e o faturamento, o que vale é o lucro real, sem custos escondidos, que fica no destino. Antes do ESTC vai ter uma reunião do Global Sustainable Tourism Council, que desenvolveu critérios de sustentabilidade para destinos. É interessante ver quais exigências eles colocam. A cidade e o trade não podem ficar complacentes, vão ter que se esforçar mais ainda, mas é um esforço que vale a pena, porque sustentabilidade é criar espaço para viver bem para os habitantes de Bonito e seus visitantes.

Ariane no Pantanal do MS